Não podemos falar sobre  estratégia digital e carreiras sem entendermos onde estamos dentro do contexto da sociedade atual.

 

A pandemia vem sendo responsável pela transformação de diversos aspectos da sociedade e uma das principais mudanças foi em relação a forma como empresas, marcas e consumidores se relacionam.

Já sabemos que, com encontros presenciais impossibilitados pelas medidas de isolamento social, profissionais migraram do escritório para o home office, eventos familiares e sociais foram adaptados, atividades físicas e educacionais tiveram que se  remodelar. O cenário pandêmico, que ainda está longe de acabar, vem trazendo mudanças profundas em nossa sociedade. Soluções que pareciam temporárias, como o uso maior de aplicativos para compras e soluções cotidianas, sistema de ensino à distância, dentre outros, vêm apontando para  um modelo duradouro e que provocará mudanças ainda mais profundas no estilo de vida do ser humano. 

Uma pesquisa feita pela Associação de Marketing Promocional (Ampro) mostrou que o trabalho remoto deve continuar no futuro, mesclado com encontros presenciais assim que o cenário permitir. Segundo estudo da Kantar dez/2020, desde o início da pandemia, crescemos o equivalente a 10 anos em 10 meses e, neste contexto, falarmos sobre o mundo BANI nunca fez tanto sentido. Abordarmos expressões como cibridismo, antes pouco falado, se tornou mais comum, assumindo protagonismo nos debates do cenário da comunicação, uma vez que o separarmos o mundo on e offline não faz mais sentido algum.

 

Segundo pesquisa do Google realizada em jan/2002 sobre hábitos de consumo, 51% dos consumidores que foram entrevistados continuarão consumindo online no pós-pandemia, o que aponta para a confirmação de um novo padrão de compra.

E, neste contexto de aceleração digital, é premissa básica para as marcas olharem para seu consumidor não como uma presa que precisa ser alcançada, mas sim como um ponto de conexão, onde o discurso que será transmitido pela sua marca terá papel protagonista na construção de um relacionamento duradouro, com conexões reais e que favoreçam e destaquem a empresa em um cenário cada vez mais competitivo e exigente. 

 

Neste ponto, faço um convite à reflexão: como sua marca está se posicionando diante de tantas mudanças? As suas estratégias e ações de comunicação estão alinhadas com este momento? 

 

As experiências virtuais e imersivas vem ganhando destaque, marcas se posicionam contemplando lives de compra, às Shop Streaming, em suas estratégia de venda, acompanhantes virtuais e smart speakers já fazem parte da vida do consumidor, que vem buscando, cada vez mais, desenvolver novas habilidades e explorar aptidões, uma vez que passaram a ter consciência que podem ser multitarefas. Quando olhamos para o funil de conversão de vendas, percebemos as plataformas digitais e as redes sociais entre os canais que mais influenciam a realização de uma compra entre as pessoas, mostrando que o processo de conquista e fidelização de um cliente se faz nos seus micro momentos – pequenos momentos da jornada de compra – e, geralmente, estão relacionados aos dispositivos móveis, o que faz bastante sentido para uma sociedade hiperconectada e mobile first. 

O grande desafio para as empresas atualmente é entender onde, quando e como estabelecer essa conexão com este consumidor cada vez mais exigente, que vive na era do que  Henry Timms e Jeremy Heiman chamam de “O novo Poder”. 

 

Estamos em um  momento de mudança acelerada quando pensamos nos hábitos de consumo e criar estratégias de comunicação capazes de abraçar o consumidor no momento certo, entendendo e ouvindo suas dores é o que poderá diferenciar o sucesso ou não do seu negócio.

É impossível entendermos o consumidor se não investirmos em planejamento, essa atividade tão importante que é a base de qualquer trabalho. É através dele que mergulhamos em todo contexto da nossa marca, entendendo a sua realidade interna e o mundo que a cerca, possibilitando entender o contexto do negócio, identificando as ameaças e oportunidades, analisando a concorrência e contribuindo para decisões e ações fundamentais com foco na saúde e  futuro da marca.  

O planejamento estratégico efetivo articula não apenas a direção para onde um negócio está indo e as ações necessárias para progredir, mas também como ela saberá se ela é bem-sucedida. 

 

É importante construir um trabalho estruturado, começando pelo diagnóstico, onde é possível ter um trabalho investigativo do contexto e cenário da sua marca e construir suas percepções, depois analisar a sua identidade organizacional e pensar no porquê da sua marca existir. Para Simon Sinek, entender o “porquê” do seu negócio é o que será capaz de diferenciar sua empresa dentre todos os seus concorrentes e poderá contribuir efetivamente para o sucesso no seu segmento. 

 

Com isto, é mais fácil construir metas, objetivos e traçar todo o caminho estratégico para entender que ações e medidas devem ser construídas para que sua marca seja percebida pelo seu público alvo, utilizando os canais de comunicação on e off line de maneira sinérgica, com uma linguagem acessível e que seja atraente para o mercado escolhido. 

 

Toda essa aceleração trouxe também impactos em nosso mercado de trabalho e  obrigou empresas a voltarem seu olhar para os profissionais que se dedicam a estudar e entender a cultura digital, o que tem feito com que o mercado fique aquecido nesta área. Para 2021,  a tendência de investimentos na área digital segue sendo apontada com grande destaque, o que reforça a necessidade de profissionais e líderes se dedicarem e investirem em capacitação e contratações que envolvam estas habilidades estratégicas. 

 

Não acredito em fórmulas prontas, que irão fornecer a chave para o sucesso. Acredito em pesquisa, em empenho para entender o seu público e o que ele espera de você. Um trabalho consistente, feito com dedicação, levando em consideração todos os aprendizados descobertos através das análises de comportamento e de resultados tem muito mais chance de dar certo do que um trabalho feito pelo prisma de uma visão míupe de mercado, que ignora os dados e a tecnologia e segue preso a conceitos antigos para se comunicar com um público que vem  buscando uma comunicação cada vez mais simples e direta, com verdade, com algo que agregue de fato algum valor a sua existência. Existem muitos estudos disponíveis que apontam para este ser humano cada vez mais conectado com sua essência, indo em busca da conciliação entre o prazer da sua vida fora do trabalho e as atividades que exerce no dia a dia. O equilíbrio entre as soft e hard skills nunca foi tão valorizado por empresas e profissionais e as marcas que entenderem como construir e trilhar este caminho no mercado, construindo uma comunicação integrada e pensando nos pontos de conexão estratégicos do seu consumidor, com certeza, terão mais chance de construírem uma reputação verdadeira e de sucesso. 

 

Rebecca Lyrio

Estrategista e Consultora Digital