Ansiosos com as transformações da tecnologia, mas já pegando soft

 

Na era do Big Data, a incerteza ironicamente nos abraça. O futuro parece cada vez menos previsível e chega em alta velocidade. As transformações impostas pela onipresente tecnologia trazem uma carga de ansiedade sem precedente.

Uma das causas é o medo da obsolescência. Os profissionais estão preparados para os desafios de hoje e os muitos por vir? A resposta introduz um novo termo, com potencial de se tornar tão batido (e mal usado) como Big Data: reskilling. Nada mais que atualizar habilidades e competências para o novo contexto. 

 

O Fórum Econômico Mundial adiciona urgência quando divulga que, até 2022, 54% dos profissionais precisarão de treinamento significativo para aprimorar ou ganhar novas habilidades. Ou seja, reskilling. Mas quais habilidades podem nos manter relevantes? 


Desenvolver constantemente habilidades técnicas – as chamadas hard skills – desacelera o descompasso com a velocidade das mudanças no mercado, garantindo relevância do profissional. Porém, não sustentam a permanência nos postos de trabalho. Segundo a Personal Page, consultoria de recrutamento, nove em cada dez profissionais são demitidos por falta de habilidades comportamentais – as chamadas soft skills.


É claro o peso das soft skills no processo de reskilling. E por que o assunto ganhou destaque nos últimos tempos? As softs skills têm uma forte carga de humanidade, assim são ainda mais importantes em um cenário de adoção acelerada de máquinas inteligentes. Em pouco mais de cinco anos, metade das tarefas feitas por humanos poderão ser executadas por essas máquinas. O nosso diferencial será, justamente, sermos humanos. E precisamos ser eficientes nisso. 


As habilidades comportamentais têm sido relacionadas com a prosperidade profissional e pessoal. Fala-se de duas abordagens em soft skills: para a vida e para o mercado. 

A Fundação Getulio Vargas (FGV), adota a abordagem para o mercado e reconhece como soft skills a criatividade, a comunicação, o otimismo, a capacidade de desenvolver pessoas e de se relacionar. A The School of Life, fundada por Alain de Botton, abrange as habilidades para a vida, falando de amor, sobre lidar com o fracasso, ansiedade…

 

Voltando ao Fórum Econômico Mundial, que apontou a inadequação dos profissionais aos desafios futuros, são citadas algumas soft skills a incorporarmos até 2020: pensamento crítico, negociação, criatividade, flexibilidade cognitiva, resolução de problemas complexos, orientação para servir, inteligência emocional. 

 

Falar de soft skills é também transitar pela obra de Daniel Goleman, “Inteligência Emocional”. O autor considera que o Q.I. (Quociente de Inteligência) influencia apenas em 20% da probabilidade de sermos bem-sucedidos. Entre outras variáveis está o Q.E. (Quociente Emocional) e inclusive a sorte. Sim, a sorte. Saber disso também pode causar grande ansiedade, pois joga-nos de novo no território desconfortável do incerto. Por outro lado, vale lembrar a máxima: sorte é o momento no qual a preparação e a oportunidade se encontram.


Estar preparado para um mundo onde a velocidade, a incerteza, a complexidade e a ambiguidade (o famoso VUCA, em inglês) é realmente desafiador. Temos todos os motivos do mundo, literalmente, para sermos ansiosos. A ansiedade é uma resposta emocional ao medo. Desenvolver as soft skills acende uma luz que nos guia com mais segurança. Aprender a ser e aprender a fazer. Juntas, as soft skills e as hard skills, valorizam o profissional e a pessoa. Porque quem você é afeta o que você faz, e o que você faz afeta quem você é.

Ana Carolina Monteiro

Artigo Publicado Revista Let’s Go